quinta-feira, abril 07, 2005

O pivot ( apresentador)enquanto construtor da informação

O primeiro contacto do telespectador com a notícia no Jornal da Noite dá-se através do pivot.[1] É ele quem anuncia o acontecimento, apresentando-nos um ângulo de visão (função guia); é ele quem gere a palavra dos entrevistados (função moderadora); é ele quem remata as peças ou as conversas com um breve comentário (função enfática) ou gesto ou postura; é ele quem faz as entrevistas, «substituindo» aí o telespectador (função «delegada»). Todas essas funções fazem dele um elemento chave na ligação do mundo aos telespectadores.
Para além daquilo que diz, o pivot transmite informação através de códigos cinéticos, nomeadamente através do olhar. Como afirma Felisbela Lopes; “o eixo do olhar do pivot é um elemento significativo da enunciação televisiva. Olhando o telespectador olhos nos olhos, o apresentador coexiste com o seu receptor no mesmo lugar e no mesmo espaço, afirmando a realidade do mundo que transparece através do ecrã”. (Felisbela Lopes 1999, 82).
Como sublinha Felisbela Lopes, “olhar dirigido para o papel significa o imprevisto, o excepcional; os olhos concentrados num plano inferior esperam a difusão de uma peça; o olhar lateral marca a passagem da palavra a um entrevistador ou comentador. (Felisbela Lopes1999,82).
Citando um trabalho de Pedro Mácia, (televisión hora cero, Madrid, Erisa 1981) Felisbela Lopes afirma que:
“O apresentador do telejornal pode insistir em manter-se à margem dos factos que anuncia, cultivando um modelo comunicacional em que o seu papel se confina ao de mero mediador de postura séria e pouco expressiva ou adoptar um modelo personalizado, passando de mediador a protagonista, revelando o seu lado mais pessoal e impondo, por vezes o “star system” no qual interessa, mais do que a notícia, quem apresenta.” (Felisbela Lopes 1999, 83).
Pelas palavras de Felisbela Lopes, o apresentador aparece aqui como uma figura determinante para a compreensão da mensagem. A forma como ele "diz" os textos pivots,[2] o tom de voz que ele utiliza e os gestos que faz, podem interferir na percepção da mensagem. A encenação das notícias acentua-se, ficando a realidade cada vez mais distante. De acordo com Felisbela Lopes,
“A encenação que rodeia dispositivo audiovisual, a baixa produtividade informativa imposta pelas imagens, a manipulação da notícia em directo e a escassez de temas tratados levam-nos a concluir que a informação tyelevisiva, mais do que um momento de informação, incute no cidadãop a ilusão de estar informado.” (Felisbela Lopes, 1999,84)
[1] Aquele que apresenta as notícias no Jornal da Noite.
[2] Significa também o texto lido antes de cada peça.
Fonte: memória monografica de bacharelato de mário benvindo cabral.

Televisão de qualidade

A promoção de uma televisão de qualidade não deriva apenas da vontade dos seus programadores, estando antes condicionada pelos recursos financeiros disponíveis, e consequentemente pelo quadro do pessoal que integra. Sem uma sólida segurança financeira será certamente difícil produzir séries e documentários ou produções de grande envergadura. Mas dinheiro não surge do nada. É preciso criar serviços de qualidade que interesse ao público. A venda de algum material de arquivo é apenas um exemplo de muitas outras iniciativas que podiam ser seguidas para facilitar a entrada de mais algum.
Sem recursos humanos de talento, será complicado inovar e transformar programas de interesse público em espaços de interesse do público. Por isso, a nosso ver, urge criar mais espaços de debate do mundo audiovisual. Urge aproveitar mais as oportunidades de formação e reciclagem. Em resumo urge acompanhar as novidades, ainda que esse acompanhamento se opere apenas a nível do conhecimento.

segunda-feira, abril 04, 2005

1ª Sessão Africadoc 2005- Mindelo

De 23 a 31 de Março, decorreu em Mindelo a 1ª sessão do africadoc 2005. Foram 10 os participante, sendo 3 caboverdianos; dois residentes e um da diáspora.
A ministrar esta sessão estiveram 2 peritos do cinema documental; Luis correia e Noemy . Estes dois peritos contam já com uma experiencia invejável no mundo do cinema.
Eis aqui os projectos e os respectivos autoreS:
Cabo Verde:
Cidade Velha, o Berço de Mário Benvindo Cabral
Música de Cabo Verde: Joaquim Livramento
Retornado: Víctor Pires (candidato da diáspora)
S. Tomé e Príncipe
Para Além do Batepá de Miguel Enweren
Angola
As Zungeiras de António Adi
Moçambique
Salão Britney Spears de Raquel Jenkins
Raízes Cortadas de Flora Mossoshua
Kupita Kufi de Germano Vasco
Guiné Bissau
À deriva de Suleimane Biai
A voz do povo de Adulai Djamanca
Estes 10 projectos estarão em Goré, Senegal, a partir do dia 28 de Abril à procura de finaciadores. Na sessão do PITCHING, vão estar presentes as principais estações de televisão da Europa.